Toda mulher que teve ou tem vida sexual deve consultar o ginecologista uma vez por ano para se submeter a uma avaliação clínica que inclui o exame de toque, o exame pélvico e a coleta do material para o Papanicolaou.
O exame interno ou pélvico, aquele feito com ajuda do espéculo, permite ao médico coletar material e observar o colo do útero, como se chama a entrada do órgão, atrás de sinais de corrimentos indesejáveis, de doenças. e suspeita de câncer.
O câncer cervical, também chamado de câncer de colo do útero ainda afeta muitas brasileiras. No exame de toque com a palpação abdominal o ginecologista consegue perceber se existe alguma irregularidade nos ovários, trompas de falópio e no útero
Os casos em que o exame pélvico deve ser repetido em menos de um ano:
- Sangramento fora das menstruações ou fluxo menstrual muito intenso
- Sangramento após a menopausa
- Irritação ou coceira nos genitais ou corrimentos suspeitos
- Dor e sangramento durante a relação sexual
- Presença de sinais estranhos como manchas, verrugas ou vermelhidão na vulva (a região da entrada da vagina).
A anamnese e o exame ginecológico não devem ser reduzidos apenas à queixa ginecológica e ao exame dos órgãos genitais, pois se sabe que muitas vezes o ginecologista é o médico assistente daquela paciente e nem sempre o exame pélvico é o elemento mais importante que permite o diagnóstico da doença que a acomete. O exame ginecológico consta de exame físico geral, exame físico especial (mamas, axilas, baixo-ventre e regiões inguino-crurais), exame genital (avaliação de órgãos genitais externos e internos – exame especular e toque genital, vaginal e retal) e exames complementares. Deve-se estabelecer uma adequada relação médico–paciente, criando um vínculo que permita, além de abordar as queixas da paciente e realizar o exame físico sem causar maior desconforto ou constrangimento, ter uma avaliação global das condições biopsicossociais da paciente.
Posicionamento do paciente
A posição ginecológica ou de litotomia é a preferida para a realização do exame ginecológico. Coloca-se a paciente em decúbito dorsal, com as nádegas na borda da mesa, as pernas fletidas sobre as coxas e, estas, sobre o abdômen, amplamente abduzidas. O exame dos órgãos genitais deve ser feito numa seqüência lógica:
a) órgãos genitais externos- vulva
b) órgãos genitais internos- vagina, útero, trompas e ovários
Exame dos órgãos genitais internos
Exame Especular
É realizado através de um instrumento denominado espéculo. Os espéculos são constituídos de duas valvas iguais; quando fechados, as valvas se justapõem, apresentando-se como uma peça única. Os espéculos articulados são os mais utilizados, podendo ser metálicos ou de plástico, descartáveis, apresentando quatro tamanhos: mínimo (espéculo de virgem), pequeno (nº 1), médio (nº 2) ou grande (nº 3). Deve-se escolher o menor espéculo que possibilite o exame adequado, de forma a não provocar desconforto na paciente. A seguir é coletado material para o exame da secreção vaginal, para o exame citopatológico, é realizado o teste de Schiller, e colposcopia e biópsia, estas últimas quando se aplicarem. A retirada do espéculo é efetuada em manobra inversa à da sua colocação; durante sua retirada, deve-se examinar as paredes vaginais anterior e posterior.
Coleta de material para Citopatologia Cervicovaginal
O exame citológico de amostras cervicovaginais (citopatológico, preventivo, exame de Papanicolau, pap test) é fundamental para prevenção e detecção do câncer de colo de útero. O esfregaço ideal é o que contém numero suficiente de células epiteliais colhidas sob a visão direta e refletindo os componentes endo e ectocervicais, já que a maioria dos processos neoplásicos se inicia na zona de transformação (junção escamocolunar – JEC). Para isso a coleta será efetuada em duas lâminas. A primeira utilizará a espátula de Ayre com sua extremidade fenestrada, que será adaptada ao orifício cervical externo, fazendo uma rotação de 360º, possibilitando o raspado sobre a junção escamo colunar na maior parte das vezes, principalmente na paciente pré- menopáusica. A seguir, será utilizada uma escova endocervical, que será introduzida nos primeiros 2 cm do canal, rotando várias vezes no canal cervical; esta coleta é imprescindível na mulher pós-menopáusica que tem a JEC interiorizada no canal endocervical.
Teste de Schiller
É feita através da deposição da solução de Lugol (iodo-iodetada) no colo uterino, que provoca uma coloração marron acaju nas células que contêm glicogênio, como é o caso das células das camadas superficiais do epitéio que recobre o colo e a vagina. A intensidade da coloração é proporcional à quantidade de glicogênio contido nas células. Assim, o iodo cora fracamente as regiões de epitélio atrófico e não cora a mucosa glandular que não contém glicogênio. As zonas que apresentam modificações patológicas não adquirem coloração, sendo chamadas iodo-negativas ou Teste de Schiller positivo. Ao contrário, quando o colo apresenta-se totalmente corado pelo iodo teremos colo iodo positivo ou Teste de Schiller negativo. Antes da colocação da solução de Lugol deve-se retirar secreções que eventualmente recubram o colo, as quais provocariam falsos resultados iodo negativos ou Schiller positivo.
Colposcopia
A colposcopia pode ser definida como método complementar, com o qual é possível reconhecer, delimitar e diagnosticar os diferentes aspectos normais e anormais da ectocérvice e da vagina, com aumentos de 12 a 29 vezes, conforme o instrumento utilizado. Dois reativos devem ser obrigatoriamente utilizados no curso da colposcopia para mostrar a diferença de estrutura e de composição química do epitélio pavimentoso normal. O primeiro, o ácido acético – utilizado no colo uteirno a 2% – tem como principal efeito o de coagular as proteínas citoplasmáticas e nucleares do epitélio pavimentoso e de torná-las brancas. Após a aplicação do ácido acético, o epitélo pavimentoso anormalmente carregado em proteínas, torna-se branco progressivamente. Entre 10 a 30 segundos teremos a imagem colposcópica das lesões matrizes. Estas serão, então, na maior parte das vezes biopsiadas. O segundo reativo, o iodo ou solução de Lugol já foi comentado anteriormente. Quando da necessidade da realização da vulvoscopia utiliza-se o ácido acético a 5% para evidenciar as lesões matrizes , e corantes como o azul de Toluidina.